INDEPENDÊNCIA DO BRASIL
07 de Setembro de 2009
Quais mudanças a Independência do Brasil trouxe de imediato para o país?
A elite proprietária de terras garantiu liberdade econômica, mas no plano social nada mudou
Por Renata Costa
Pintura Independência ou Morte! 1888,Pedro Américo. Reprodução: J. Rosael/Divugação
A proclamação da Independência brasileira, em 7 de setembro de 1822, foi um passo decisivo para o início da organização do estado brasileiro.
"Significou soberania para que o país pudesse estabelecer suas normas políticas e sua administração pública. Tanto é que dois anos depois, o Brasil já tinha sua primeira constituição", explica Carla Ferretti, professora de História do Brasil da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas).
Até hoje há controvérsias entre os estudiosos a respeito da data da Independência e mesmo do papel ativo de D. Pedro I para que ela se efetivasse.
“Houve uma pressão muito grande para que isso acontecesse",
diz a professora. Isso porque os proprietários rurais e de escravos temiam perder a liberdade econômica que ganharam com a vinda da família Real em 1808 e a abertura dos portos. Quando D. João VI voltou para Portugal em 1820, o clima político indicava que o Brasil sofreria um cerceamento de liberdade novamente.
Esse movimento por liberdade econômica e política não acontecia apenas aqui no país, mas estava propagado por toda a América. “Era um reflexo da independência das colônias americanas”, diz a professora.
A independência,
Esse movimento por liberdade econômica e política não acontecia apenas aqui no país, mas estava propagado por toda a América. “Era um reflexo da independência das colônias americanas”, diz a professora.
A independência,
no entanto,
não resultou em transformações políticas profundas, nem tampouco sociais,
porque D. Pedro já governava o país desde que D. João VI havia voltado para Portugal.
“Na verdade foi uma independência sem muitas mudanças no quadro político e social do país”, afirma a historiadora.
Independência ou morte!
A representação idealizada de um fato histórico
Antonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
A representação idealizada de um fato histórico
Antonio Carlos Olivieri*Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
No imaginário dos brasileiros, tão célebre quanto
o grito de dom Pedro às margens do rio Ipiranga
é o quadro pintado por Pedro Américo
para representar aquele momento decisivo,
em que Brasil se separava de Portugal oficialmente.
Nele, como se pode ver pela reprodução abaixo, nosso primeiro imperador ergue a espada num gesto de desafio, que conta com o apoio resoluto dos civis que o seguem e das tropas reunidas ao seu lado.
"O Grito do Ipiranga", quadro de Pedro AméricoPor mais inspiradora que seja a cena representada, ela tem pouco de realidade.
No livro "O Brado do Ipiranga", a historiadora Cecília Helena de Salles Oliveira,
faz uma análise detalhada da pintura, evidenciando toda a fantasia que seu autor projetou nela. Aliás, o próprio Pedro Américo,
já havia escrito sobre o assunto um livreto, chamado "Algumas Palavras acerca do Fato Histórico e do Quadro que o Comemora".
Nele, o artista afirma que "a realidade inspira, e não escraviza o pintor",
justificando sua imaginação criadora.
Jogo dos sete errosAntes de mais nada é interessante apontar,
para quem não sabe, as diversas inverdades estampadas na tela.
Para começar, vale dizer que os fogosos corcéis montados
por dom Pedro 1o e seu cortejo, na realidade, eram simplesmente mulas - um tipo de cavalgadura menos heróico, mas muito mais adequado ao duro percurso que os viajantes faziam. Eles tinham acabado de subir a serra do Mar, vindo de Santos.
Numa viagem como essa, por sinal, ninguém estaria usando os luxuosos uniformes apresentados.
Com toda certeza, estariam usando trajes mais simples e mais práticos, provavelmente sujos do pó e da lama do caminho.
Para piorar, o próprio dom Pedro não poderia estar tão exaltado e bem disposto assim como o artista o representa.
Afinal, ele havia parado naquele local em função de uma diarréia que o atormentava,
devido aos seus excessos alimentares em Santos, na véspera.
Mas há mais: para que o Ipiranga e suas célebres margens integrassem a paisagem, o pintor "desviou" o curso do riacho.
A rigor, ele estaria passando por trás de quem observasse a cena naquele local.
Finalmente, quanto à casa de pau-à-pique entrevista no fundo da tela, ela pode ou não ser a que lá existe até hoje e que é conhecida como a Casa do Grito.
Embora tenha sido tombada pelo Condephaat e fique aberta à visitação
no Parque da Independência,
o documento mais antigo que menciona a casa atual data de 1884 - 62 anos depois do grito da Independência.
Fatos e versões
Na verdade, o imenso painel pintado por Pedro Américo,
que tem 7,60m de comprimento por 4,15m de altura,
foi pintado em Florença, na Itália, entre 1886 e 1888.
Entre sua concepção e seu acabamento, perpassam uma série de interesses políticos,
que se relacionam ao declínio da monarquia brasileira e até aos ideais republicanos do pintor,
embora este fosse protegido de dom Pedro 2o.
Houve também o atraso da construção do edifício-monumento onde o quadro se encontra entronizado até hoje,
o Museu Paulista,
inaugurado em 7 de setembro de 1895,
quase seis anos depois da proclamação da República.
Por fim,
sobre a tela de Pedro Américo
paira também uma suposição de plágio:
a estrutura da cena é muito semelhante à do quadro "
1807, Friedland", de Ernest Messonier,
que retrata a vitória de Napoleão Bonaparte na batalha de mesmo nome.
"1807, Friedland", quadro de Ernest Meissonier
"1807, Friedland", quadro de Ernest Meissonier
Fonte: http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/ult1689u25.jhtm
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